Uma das missões do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), em viagem à China neste mês de junho, foi visitar a fábrica da Harbin Aircraft Industry Group, que produz o Y-12F, um avião que poderá, em breve, ser fundamental para a criação de uma rede de voos regionais entre aeroportos do interior do estado e a capital Florianópolis.
O objetivo da visita é ver de perto a aeronave que ainda não tem exemplares voando no Brasil — não foi certificada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar no país — e entender como ela se encaixaria nos planos de aviação regional do governo catarinense. O que a comitiva verá em Harbin é um avião monomotor, turboélice, com capacidade para 17 passageiros, cujo projeto original é da década de 1980 e que foi recebendo atualizações nos últimos anos.
O Y-12F é uma das opções que o governo de Santa Catarina trabalha para operar rotas regionais. O outro modelo é o SkyCourier, produzido pela Cessna, similar à aeronave chinesa, mas que carrega 19 passageiros. Esse já tem certificação no país e está operando em rotas selecionadas na Amazônia.
A escolha por um outro não dependerá de Jorginho Mello ou de sua equipe. Ela está atrelada a projetos de duas empresas de táxi aéreo que foram apresentados e que estão na mesa do governo estadual. A ideia é que uma dessas companhias seja a responsável por operar a malha regional e, fechando a parceria, busque as aeronaves nos Estados Unidos ou na China.
O governo catarinense não divulga os nomes das empresas que estão interessadas, mas afirma que as análises estão sendo feitas e que até o fim de 2025 deve haver uma decisão sobre quem operará os voos. A expectativa é de que os primeiros voos em Santa Catarina decolem em 2026, com pelo menos dois aviões, em 12 aeroportos do estado, incluindo Jaguaruna, Forquilhinha, Correia Pinto, São Miguel do Oeste, São Joaquim, Joaçaba, Caçador, Blumenau e Florianópolis.
Colocar em operação uma malha regional custa caro e por isso há poucas companhias brasileiras que fazem isso. Por essa razão, a empresa que ficará responsável pela missão não pagará tudo sozinha. Pelo contrário. Ela deverá receber diversos tipos de incentivos para viabilizar as rotas.
“A chance de uma companhia aérea fazer aviação regional no estado sem subsídio é zero. Não tem como fazer. Mas é um subsídio que volta para o caixa do governo”, adiantou o secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, Beto Martins. “O governador já acenou que vai aceitar subsidiar a operação”, complementou.
O modelo do subsídio ainda está em discussão. Poderá ser diretamente para a empresa, com reduções fiscais. O estado também cogita pagar parte das passagens aéreas para os usuários.
“Não adianta colocar voos de Joaçaba para Florianópolis ou Forquilhinha a Florianópolis, e cobrar passagem a um preço proibitivo. Precisamos de preços que atendam a população”, acrescentou Martins.
A agência de investimento de Santa Catarina, a Invest SC, também poderá auxiliar na aquisição das aeronaves. Todas essas possibilidades estão em análise e fazem parte dos dois projetos que foram apresentados. Para auxiliar nessa tarefa, o governo criou um canal de comunicação com entidades produtivas do estado, como a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), que receberam com acenos positivos a iniciativa do governo Jorginho Mello.
Por se tratar de uma atividade que precisará de recursos públicos, qualquer proposta precisará passar pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Mas antes mesmo de entregar uma proposta à Casa, o governo do estado está confiante no apoio dos deputados, especialmente do oeste catarinense, que seria a região mais beneficiada com voos para a capital.